Economia circular com fórmula vencedora pode atrair empresas

O mundo está mudando – e os próprios negócios também. Os líderes em todo o mundo estão acordando para a percepção de que o aquecimento global requer ações urgentes – e a contribuição de todos. Isso requer uma nova interpretação de como fazemos parcerias e como planejamos.

Para a OMV, essas forças também desencadearam uma mudança na forma como construímos o futuro da nossa empresa. Nossa empresa foi fundada em 1956 e por muitas décadas fomos bem conhecidos como uma empresa de petróleo, gás e petroquímica. Assim como em muitas empresas, devemos montar um negócio sobre o legado existente e alterar seu modelo original para um que seja mais sustentável, e nos tornar net zero em todos os três escopos até 2050, no mais tardar.

Em nosso caso, isso significa que temos que reduzir a utilização de recursos, como os combustíveis fósseis, e substituí-los por suas alternativas. Ao mesmo tempo, precisamos de uma forma mais rápida para impulsionar a economia circular.

No entanto, essas aspirações são apenas o primeiro passo para se tornar um fornecedor líder de materiais, produtos químicos e combustíveis sustentáveis. A execução exigirá uma compreensão profunda das implicações práticas e uma disposição para identificar e se adaptar a um cenário em mudança de novas oportunidades de negócios.

Nosso planejamento e análise podem ajudar qualquer empresa que queira fazer essa transição. Aqui estão três casos de negócios que mostram como novos pensamentos e compromissos podem levar não apenas à implementação de soluções sustentáveis, mas a uma chance de progresso climático em escala.

1. Focar na mobilidade sustentável

A OMV produz combustíveis de base biológica que apresentam propriedades quase que idênticas às dos combustíveis fósseis. Por exemplo, produzimos combustível sustentável de aviação a partir do óleo residual de fritura [ORF] desde 2022. Vemos muito interesse da indústria por essa tecnologia fascinante.

Em primeiro lugar, foram assinados acordos de aquisição com as principais companhias aéreas. Embora ainda estejamos em um estágio inicial, esperamos que o negócio cresça. Até 2030, nossa meta é produzir por ano aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de combustíveis e matérias-primas sustentáveis.

2. Pensar de forma circular

As energias renováveis e a eficiência energética só podem resolver 55% das emissões de gases de efeito estufa [do total] necessário para cumprir o Acordo de Paris. Felizmente, os especialistas descobriram que repensar a forma como gerimos os recursos – e abraçar a circularidade – pode ajudar a resolver a parte restante.

Para isso, a OMV está construindo soluções de economia circular que convertem resíduos em matéria-prima valiosa. Juntamente com um parceiro, estamos construindo a maior instalação de triagem de resíduos de plástico da Europa, cuja operação deve começar em 2026 em Walldürn, na Alemanha. Isso permite o processamento de plásticos usados que, do contrário, acabariam em aterros sanitários ou em usinas de incineração.

A matéria-prima resultante pode ser convertida em matéria-prima química com a nossa tecnologia patenteada de reciclagem química: ReOil. Tal abordagem ajuda a preservar os recursos e a reduzir substancialmente as emissões de CO2.

3. Impulsionar soluções para a energia sustentável

“Reinvente o essencial para uma vida sustentável.” Esta frase simples define nosso propósito, mas também enfatiza a importância para qualquer inovador criar soluções que permitem que diariamente mais indivíduos experimentem o bem-estar com a menor pegada de carbono possível.

Para este propósito, a OMV se comprometeu em produzir calor geotérmico de forma neutra [em emissões] para o clima. Recentemente, estabelecemos uma parceria para tornar realidade o aquecimento urbano geotérmico para até 200.000 residências em Viena dentro de poucos anos.

Como uma empresa operacional global, a OMV baseia-se em amplo conhecimento nas áreas de geologia e geofísica, bem como tecnologia de perfuração e produção, com base em décadas de experiência em exploração e produção. Não faz diferença se procuramos, encontramos e usamos petróleo bruto, gás natural ou – como no caso da energia geotérmica – água quente do reservatório. Nossa capacidade inicial no projeto de Viena será de 20 megawatts, com um aumento contínuo no desempenho, chegando a 200 megawatts até 2030.

Creio que estes exemplos mostram como fizemos da sustentabilidade o ponto de partida e o elemento central de nossa estratégia. Isso também se reflete em nossa alocação de investimentos: aproximadamente 40% de nosso orçamento global para investimentos até 2030 será destinado para projetos sustentáveis.

Ao mesmo tempo, sou transparente ao falar de um fato que não é popular entre todos: a transição energética não acontecerá da noite para o dia. Em nosso caso, estimamos que a demanda de mercado para gás natural continuará nos próximos 20 anos.

Como consequência, precisamos equilibrar de forma responsável os objetivos de curto e médio prazo. Cumpriremos a nossa responsabilidade de fornecer um suprimento energético seguro – nacionalmente e internacionalmente. Nossa abordagem é na substituição gradual de fontes de energia de base fóssil por soluções de baixo carbono. Os negócios bem-sucedidos de hoje nos permitem diversificar e ampliar os negócios de baixo carbono do futuro.

O aprendizado de minha lição final é que uma mudança transformadora requer colaboração. Para mudar para uma sociedade descarbonizada, devemos envolver todas as partes interessadas: investidores, clientes, funcionários, políticos, mídia e o público. Uma comunicação eficaz é crucial, ancorada em um modelo de negócio vencedor. A sociedade deve compreender e abraçar os benefícios. Nestes tempos desafiadores, dedico ainda mais esforço para o diálogo com as partes interessadas.

Gosto de compartilhar otimismo em relação ao futuro. Apesar dos desafios climáticos globais, há oportunidades significativas. Acredito que o sucesso de uma empresa depende da integração da sustentabilidade com a inovação e o crescimento.

A OMV está comprometida com essa trajetória e tenho plena confiança de que o empresariado reconhece a sustentabilidade como a força transformadora do bem que ela realmente é.

Artigo original (em inglês) publicado por Alfred Stern no Fórum Econômico Mundial–WEF.

Sobre o autor
Alfred Stern é o Presidente do Conselho Executivo e CEO da OMV AG, na Áustria, desde setembro de 2021. Stern é doutor em ciência dos materiais e mestre em engenharia e ciência de polímeros – e é graduado pela Montanuniversität Leoben, na Áustria.