Novo trator movido a combustível oriundo de esterco bovino

Foto de um trator pequeno em volta de várias vacas em um campo esverdeado para ilustrar o artigo sobre um novo trator movido a combustível oriundo de esterco bovino.
O esterco bovino é apanhado e destinado para produzir o combustível que é usado no trator. Foto: CNH Industrial/Divulgação.

Desde que um jovem ferreiro chamado Abram Zimmerman abriu em 1895 sua primeira oficina para reparo de equipamentos, localizada na cidade de New Holland, no estado americano da Pennsylvania, a empresa que carrega o mesmo nome da cidade tem se espalhado pelos quatro cantos do planeta. Produzindo e vendendo tratores que se tornaram equipamentos imprescindíveis para agricultores do mundo inteiro, a New Holland revelou recentemente o protótipo de um novo trator movido a combustível oriundo de esterco bovino.

Este projeto da New Holland foi desenvolvido em parceria com a Bennamman, empresa britânica especializada em soluções para a captura de metano e seu redirecionamento para uso em energia, evitando que ele escape para a atmosfera terrestre. As emissões de metano apresentam um potencial de aquecimento global em torno de 25 vezes maior do que o do dióxido de carbono (CO2).

Batizado de New Holland T7 Methane Power LNG, o combustível do novo trator será o gás natural liquefeito (GNL, ou LNG, da sigla em inglês), o qual é o próximo passo da empresa em sua jornada rumo à energia limpa. Segundo a New Holland, a importância energética tem atingido níveis históricos e que demanda “maneiras novas e eficientes de gerar, usar e armazenar a energia necessária para resolver o problema global” das crescentes emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Foto ilustrativa de um novo trator movido a combustível oriundo de esterco bovino espalhando suplementos agrícolas na terra.
O novo trator movido a combustível oriundo de esterco bovino usa implementos agrícolas para ajudar nas tarefas do campo. Foto: CNH Industrial/Divulgação.

Dentro de um contexto ambiental, a ciência afirma claramente que a produção agrícola é responsável por mais de um quarto das emissões de GEE e se constitui no principal fator global para a perda da biodiversidade, bem como para a degradação do solo e da água.

Portanto, a agricultura pode exercer um papel relevante neste sentido, por ser o único setor que tem potencial para fazer parte da solução para o clima e a natureza. A substituição do diesel pelo biogás no uso de maquinários no campo, por exemplo, torna-se uma das alternativas para diminuir as emissões de GEE do setor e também reduzir os custos operacionais do agricultor.

Como funciona o processo

A transformação de esterco bovino em biogás acontece da seguinte forma: primeiro, o esterco coletado é transferido para uma lagoa ou para um tanque de chorume coberto. Em seguida, o metano emitido (juntamente com outros gases poluentes) é capturado, purificado e convertido em metano liquefeito pela unidade de processamento.

A partir de então, o metano liquefeito é armazenado em tanques criogênicos sem ventilação – patenteados pela Bennamann – a uma temperatura de 162 graus centígrados negativos (-162°C), produzindo uma nova fonte de energia limpa para o trator T7 Methane Power LNG.

O esterco bovino é apanhado e destinado para produzir o combustível que é usado no trator. Foto: CNH Industrial/Divulgação.

 “A experiência e os recursos combinados da CNH Industrial e da Bennamann permitem que os agricultores de todos os lugares integrem totalmente esse sistema em suas fazendas, independentemente de energia escalável e acessível”, diz a CNH Industrial.

O sistema também oferece novas oportunidades e fluxos de receita para monetizar ou reaproveitar seus resíduos, incluindo (i) produção de combustível a um custo estável; (ii) geração de adubo 100% natural; (iii) conversão do excesso de metano em eletricidade que pode ser injetada na rede ou usada localmente; (iv) venda para o mercado livre do biometano excedente.

A possibilidade do uso do metano para gerar eletricidade pode torná-la disponível não somente para o carregamento de veículos elétricos e de futuras máquinas agrícolas, mas também, e principalmente, para alimentar a própria fazenda. Este seria um grande diferencial para aquelas situadas em áreas rurais remotas e/ou com restrição de acesso à energia elétrica.

Ciclo do GNL, desde a coleta da matéria-prima no campo à produção de energia. Foto: Adaptada de CNH Industrial/Divulgação.

Fonte: CNH Industrial, empresa-mãe da New Holland.

Sobre o autor | Fernando Oliveira

Foto Fernando


Fernando é o fundador e editor da Sustenare. Ele é administrador de empresas, cientista da computação e doutor em energia pela Universidade de São Paulo (USP). Fernando morou nos Estados Unidos por dez anos, país onde cursou universidade e trabalhou por igual período para empresas de tecnologia e do ramo editorial.

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