Plantar árvores em fileiras reduz danos ao meio ambiente

Imagem de um campo aberto repleto de árvores em aleias sob um céu azul para ilustrar que plantar árvores em fileiras reduz danos ao meio ambiente.
Agricultura moderna: sistema de cultivo em fileiras no qual árvores (ou arbustos) são plantadas em campos de culturas ou pastagens. Foto: Xenia Bischel/Universidade de Göttingen/ Phys.Org/Reprodução.

Aleias são sistemas agroflorestais de cultivo no qual as árvores são plantadas em fileiras nos campos de cultura ou pastagens. De acordo com um novo estudo, conduzido por uma equipe de pesquisa internacional e multidisciplinar, liderada pela Universidade de Göttingen, plantar árvores em fileiras reduz danos ao meio ambiente porque esse tipo de uso da terra resulta em melhorias rápidas e significativas ao ecossistema de terras agrícolas.

Os cientistas compararam diferentes medidas ambientais em sistemas agroflorestais de cultivo em aleias, campos abertos de cultivo ou pastagens. O estudo foi publicado na revista Communications Earth & Environment.

A agricultura intensiva na Europa concentra-se em altos rendimentos e lucratividade. No entanto, ela causa problemas ambientais, como o empobrecimento do solo em carbono e nutrientes, perda de biodiversidade, poluição da água e emissão de gases de efeito estufa. Consequentemente, isso resulta em altos custos para a sociedade.

Estudos individuais mostram que a agrossilvicultura pode ser produtiva em regiões temperadas, ao mesmo tempo em que contribui para importantes funções do ecossistema. Este tipo de agricultura sequestra mais carbono e fornece habitats que estimulam a biodiversidade. Além disso, o solo é menos suscetível à erosão e lixiviação de nitrato. No entanto, até agora não havia nenhuma comparação metódica entre os sistemas agroflorestais de cultivo em aleias temperadas e as terras de cultivo (ou pastagens) abertas que verificassem sua capacidade de cumprir simultaneamente várias funções do ecossistema.

Durante um período de três anos, os pesquisadores conduziram um estudo comparativo da agrossilvicultura de cultivo em aleias – consistindo em fileiras de choupos de crescimento rápido junto com fileiras de terras agrícolas ou pastagens – com terras agrícolas abertas ou pastagens abertas sem árvores.

Neste estudo, a equipe investigou as seguintes questões: o rendimento e também a qualidade do rendimento, sequestro de carbono, ciclo de nutrientes do solo, habitat para organismos do solo, emissões de gases de efeito estufa, regulação da água e resistência à erosão causada pelo vento.

“As análises mostram que a agrossilvicultura de aleias melhorou significativamente o sequestro de carbono, os habitats para organismos do solo e a proteção contra a erosão, enquanto que a agrossilvicultura tradicional aumentou o sequestro de carbono”, disse o professor Edzo Veldkamp, primeiro autor do estudo e chefe da seção de Ciência do Solo de Ecossistemas Tropical e Subtropical, da Universidade de Göttingen. Uma análise econômica anterior já havia mostrado que as receitas geradas pelos dois sistemas não diferiam de forma significativa.

O estudo também mostra que os problemas ambientais decorrentes do uso habitual de fertilizantes, como a lixiviação de nitrato e as emissões de gases de efeito estufa do solo, não melhoraram nos sistemas agroflorestais de cultivo em aleias em comparação com as terras de cultivo abertas.

“Nossas análises sugerem que o uso de fertilizantes pode ser reduzido e adaptado aos níveis de produção locais, já que o excesso de fertilização implica no uso ineficiente de nutrientes e que pode resultar em altos custos ambientais externos”, explica o principal autor do estudo, Dr. Marife Corre, também da Universidade de Göttingen.

As árvores em sistemas agroflorestais de aleias têm raízes profundas que podem capturar nutrientes abaixo da zona radicular das plantas e devolvê-los ao solo através da serapilheira. A equipe está atualmente investigando se isso também promove um uso mais eficiente de nutrientes.

Sistema agroflorestal de cultivo em aleias durante uma colheita.
Foto: Marcus Schmidt/Universidade de Göttingen/Phys.Org/Reprodução.

“Com exceção do sequestro de carbono, as funções do ecossistema de pastagens abertas não mudaram após a conversão para sistemas agroflorestais”, diz Veldkamp. Portanto, o pesquisador recomenda incentivos financeiros como prioridade para a conversão de terras abertas para cultivo em tais sistemas.

O estudo também sugere que os incentivos financeiros não devem se concentrar apenas nos riscos financeiros de plantar fileiras de árvores em terras agrícolas, mas também devem incluir maneiras que melhorem a adaptação do uso de fertilizantes às necessidades das culturas, no sentido de aproveitar todo o potencial dos sistemas agroflorestais de cultivo em aleias na Alemanha.

Mais informação: Edzo Veldkamp et al. Multifunctionality of temperate alley-cropping agroforestry outperforms open cropland and grassland. Communications Earth & Environment (2023). DOI: 10.1038/s43247-023-00680-1.

Informação do periódico:Communications Earth & Environment.

Fonte: Universidade de Göttingen.

Artigo original (em inglês) publicado pela Phys.Org.

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