Proteínas à base de cogumelos e a nova onda de fertilizantes

Imagem de vários cogumelos no campo para ilustrar artigo sobre proteínas à base de cogumelos e a nova onda de fertilizantes. Foto: Tomasz Proszek | Pixabay
Proteína à base de cogumelos abre possibilidade para substituição da carne. Foto: Tomasz Proszek | Pixabay.

Os cogumelos são incríveis e adoro comê-los e vê-los brotar em lugares aleatórios após uma chuva. Adoro ler sobre suas redes subterrâneas mágicas que sustentam florestas vibrantes. Em minha opinião, os cogumelos já são fenomenais e, atualmente, um número crescente de startups está tentando aproveitar uma das maiores invenções da natureza.

No momento, um empreendimento popular de startups está voltado para a possibilidade do uso de cogumelos como carne. Os inovadores usam o micélio – estrutura semelhante a uma raiz da qual os fungos crescem – para desenvolver proteínas à base de plantas que têm estrutura e textura semelhantes à da carne. A MyForest Foods abriu uma nova fazenda vertical em Green Island, Nova York, que pode produzir por ano quase 1,5 mil toneladas de seu bacon à base de micélio.

A Meati Foods, com sede no Colorado, fechou uma rodada de fundos de investimento Série C [quarto estágio de financiamento] de US$150 milhões para expandir suas vendas – e teve lançamento em lojas de varejo recentemente. A Meati reproduz carnes inteiras, como costeletas e bifes – um santo graal que a indústria precisa quebrar para competir com o consumo de carne.

Na Europa, o concorrente da Meati, Adamo Foods, levantou US$650.000 para aprimorar seu processo proprietário de fermentação, o qual também visa produzir bifes inteiros a partir de micélio. E a Mushlabs anunciou uma parceria com o Grupo Bitburger Brewery – um dos maiores fabricantes de cerveja da Alemanha – para transformar subprodutos de sua produção de cerveja em proteína.

A promessa deste subsetor de proteínas alternativas em rápido crescimento é criar uma oferta mais natural com melhor sabor, textura e um rótulo de ingrediente mais limpo em comparação com os produtos da empresa Impossible and Beyond – que atualmente domina o mercado.

Ainda não experimentei o bastante para ter uma boa noção de quão bons os produtos à base de micélio são ou poderiam ser. Mas, com base nas preocupações crescentes da estabilização de um mercado baseado em plantas, tenho curiosidade para ver se esses recém-chegados serão capazes de capturar um segmento de consumo mais saudável e focado em produtos naturais.

Startups estão trabalhando para melhorar os cogumelos como uma alternativa à carne.  
Imagem: reprodução/cortesia MyForest Food.

Voltando à versão original do produto da natureza que talvez mereça o maior burburinho, é empolgante ver a Eclo, com sede em Bruxelas, arrecadar US$4,6 milhões para escalar sua produção. A Eclo recicla resíduos de cervejaria e pão, transformando-os em um substrato que pode cultivar cogumelos exóticos e microverdes em fazendas urbanas. Adoraria ter um desses no meu bairro.

Fórmulas de fertilizantes frescos

O ano de 2022 colocou um foco maior sobre os fertilizantes, visto que a guerra da Rússia na Ucrânia interrompeu as cadeias globais de fornecimento de fertilizantes tradicionais, como potássio, ureia e amônia, fazendo com que os preços aumentassem posteriormente.

Investidores e startups reagiram, apoiando soluções alternativas. A Aqua-Yield faturou um investimento de Série A de US$ 23 milhões para escalar sua tecnologia “nanolíquida”. O produto ajuda as plantas a absorverem melhor insumos líquidos como fertilizantes, herbicidas e pesticidas. De acordo com a startup, a inovação permite que os agricultores reduzam seus insumos em 25 a 50 por cento sem sacrificar o rendimento.

Em São Francisco, a Nitricity desenvolveu uma tecnologia que produz fertilizante de nitrogênio usando apenas o ar, a água e energia renovável – e arrecadou US$ 20,8 milhões. Ela promete descentralizar e eletrificar a produção de nitrogênio e opera duas instalações pilotos na Califórnia.

A Pivot Bio também apresentou uma inovação com o nitrogênio, ao lançar uma nova classe de fertilizantes nitrogenados que são adicionados diretamente às sementes antes que os agricultores as comprem. De acordo com a startup, essa inovação promove aplicações mais eficientes e culturas mais saudáveis ​​e resilientes. Isso poderia ajudar os agricultores em todo o mundo a se afastarem dos fertilizantes sintéticos de nitrogênio que geralmente escorrem para o ambiente ao redor.

Em um movimento de economia circular, a startup finlandesa Tracegrow, de tecnologia limpa, faz fertilizante orgânico certificado a partir de baterias alcalinas usadas – e recentemente deu boas vindas a uma rodada de financiamento não divulgado da Nordic Food Tech VC. A inovação circular alimentará diretamente a estratégia da União Europeia para aumento da produção orgânica.

É animador poder ver esses novos fertilizantes terem origem em pontos de partida tão diferentes. Acredito que haverá um foco maior neste setor nos próximos anos, especialmente porque uma abordagem mais holística para cultivar solos saudáveis ​​​​está ganhando terreno por meio do movimento da agricultura regenerativa.

Artigo original (em inglês) publicado por Theresa Lieb na GreenBiz.

Sobre a autora
Theresa Lieb é analista sênior de sistemas alimentares da GreenBiz, possui experiência internacional em sustentabilidade corporativa, cadeias de suprimentos, política de desenvolvimento e finanças. Já trabalhou na ONU e no Banco Alemão de Desenvolvimento, entre outros. Ela possui mestrado em Mudança e Gestão Ambiental pela Universidade de Oxford e bacharelado em Desenvolvimento Internacional e Ciência Política pela Universidade de Leiden. Twitter/X: @_TheresaLieb

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