A guerra vai deter a mudança para a energia verde na Europa?

Imagem de um tanque de guerra em um campo aberto e gramado sendo parado por uma jovem para ilustrar se a guerra na Ucrânia vai estimular ou atrasar a energia verde na Europa.
Imagem de Joachim Schnürle | Pixabay

Meses atrás, quando os preços do petróleo e do gás começaram a subir, a Europa passou a discutir sobre quais mudanças seriam necessárias para que o continente pudesse adotar com mais rapidez fontes alternativas de energia. Quando a guerra Russo-Ucraniana começou, a perspectiva de os preços do petróleo atingirem limites recordes deixou países da região ansiosos por encontrar opções que possam conter futuros aumentos e alternativas que possam quebrar a dependência do petróleo e gás fornecidos pela Rússia. Diante de incertezas sobre o desenrolar do conflito russo-ucraniano, uma questão permanece: a guerra vai deter a mudança para a energia verde na Europa? Ou vai dar uma estimulada?

Uma matéria da Environment & Energy Publishing (E&E News) diz que a Comissão Europeia está negociando com os estados membros para que a demanda energética da região possa ser atendida por 40% de fontes oriundas de energias renováveis.

A Comissão impulsionou a energia eólica offshore e destacou os esforços para investir no desenvolvimento de hidrogênio, melhorar a eficiência energética em edifícios e acelerar o licenciamento de projetos de energia renovável. “Temos que reduzir a dependência do gás russo, diversificar nossos fornecedores e investir em energias renováveis”, escreveu Kadri Simson – Comissária de Energia da União Europeia (UE) – em um tweet após uma reunião para discutir a segurança energética da região, diz a matéria da E&E News.

Michael Mehling, do MIT, pondera que a Alemanha, além de fechar usinas nucleares e movidas a carvão, não tem poupado esforços para aumentar sua capacidade eólica e solar como estratégia para descarbonizar o país, se tornar livre de energia fóssil e dependente de energia verde – ou seja, a energia oriunda de fontes renováveis e ​​​​disponíveis localmente.

No entanto, a matéria da E&E News sugere que no momento em que a demanda por combustível usado no aquecimento doméstico começar a aumentar na UE, atender essa demanda sem poder contar com o gás fornecido pela Rússia pode significar que a região vai precisar trazer de volta antigas usinas nucleares e movidas a carvão, ou vai precisar reduzir a demanda energética dos setores residencial e industrial.

Embora alguns círculos ainda pensem que o aquecimento global possa oferecer um resultado líquido positivo para a Rússia, o país tem reconhecido cada vez mais a necessidade de lidar com temperaturas mais altas, cuja recorrência tem provocado grandes incêndios florestais na Sibéria e danos à infraestrutura do país, causados pelo derretimento do subsolo permanentemente congelado (permafrost), diz a matéria.

A E&E News conclui sugerindo que na pressa de desistir do gás russo, a Europa arrisca deixar a Rússia de lado em vez de ajudá-la a avançar para um novo modelo de negócios que dependa menos de recursos fósseis, o que pode levar o país ao isolamento – inclusive em questões que podem prejudicar o clima.

“Se as sanções impedirem o acesso da Rússia a mercados ocidentais, o país terá que buscar oportunidades econômicas em outros lugares, o que significa que eles aproveitarão quaisquer oportunidades [para seus] hidrocarbonetos – seja petróleo, gás ou carvão – onde quer que possam vendê-los”, disse Ian Hill, ex-embaixador da Nova Zelândia na Rússia.

Sobre o autor | Fernando Oliveira

Foto Fernando


Fernando é o fundador e editor da Sustenare. Ele é administrador de empresas, cientista da computação e doutor em energia pela Universidade de São Paulo (USP). Fernando morou nos Estados Unidos por dez anos, país onde cursou universidade e trabalhou por igual período para empresas de tecnologia e do ramo editorial.

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