Temperatura média global já ultrapassou o limite de 1,5 grau

Temperatura média global já ultrapassou o limite de 1,5 grau. Imagem dividida ao meio mostrando um lago cheio com o topo de uma igreja aparecendo na superfície da água (foto da esquerda) enquanto que a imagem da direita mostra o mesmo lago quase que totalmente seco e com as ruínas da mesma igreja sendo visíveis.
Igreja de Sant Roma de Sau, em Vilanova de Sau, Espanha, quase que totalmente submersa pela água (Outubro/2009) e com suas ruínas às vistas no reservatório vazio por conta de uma grande seca atribuída às mudanças climáticas (Março/2023). Créditos: Elmo Ianes (esq.) e Ama Alvarez (dir.)/Wikimedia Commons.

Desde que o registro existe, esta é a primeira vez que a temperatura média global ultrapassa 1,5 grau Celsius (°C) ao longo de um período de 12 meses, de acordo com novos dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S).

O mês de janeiro de 2024 foi o mais quente em todo o mundo desde que os registros do C3S começaram em 1950, com uma temperatura média da superfície 0,70 °C maior do que a média do mês entre 1991 e 2020. O recorde anterior de calor para janeiro – estabelecido em 2020 – foi de 0,12 °C mais frio.

“A temperatura média global de fevereiro de 2023 a janeiro de 2024 é a mais alta já registrada, com 0,64 °C acima da média de 1991–2020 e 1,52°C acima da média pré-industrial de 1850–1900”, disse o C3S em um novo relatório.

As mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas – juntamente com o padrão climático El Niño que aquece as águas na superfície do Pacífico – fizeram do ano passado o mais quente já registrado na Terra.

“É um marco significativo ver pela primeira vez a temperatura média global para um período de 12 meses exceder em 1,5 ºC as temperaturas pré-industriais”, disse Matt Patterson, físico atmosférico da Universidade de Oxford, citado pela Reuters.

Ultrapassar o limite de 1,5 ºC ao longo de um ano não significa que o Acordo de Paris de 2015 tenha sido violado, já que sua meta refere-se à temperatura média global ao longo de décadas.

Para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas, o Acordo de Paris tem como meta manter o aquecimento global bem abaixo de 2 ºC, preferencialmente 1,5 ºC.

Alguns cientistas acreditam que a marca de 1,5 ºC não é mais um objetivo realista e incentivam os governos a acelerar a eliminação gradual dos combustíveis fósseis para reduzir as emissões e limitar o aquecimento.

“Reduções rápidas nas emissões de gases de efeito estufa são a única maneira de impedir o aumento das temperaturas globais”, disse Samantha Burgess, vice-diretora do C3S, conforme relatado pela Reuters.

Desde junho de 2023, cada mês consecutivo foi o mais quente já registrado em comparação com o mesmo mês em anos anteriores, culminando em uma média anual que ultrapassou 1,5 ºC.

“Isso excede em muito qualquer coisa que seja aceitável”, disse Bob Watson (ex-presidente do clima, das Nações Unidas) ao programa Today da BBC Radio 4.

“Veja o que aconteceu este ano com apenas 1,5 ºC – vimos inundações, secas, ondas de calor e incêndios florestais em todo o mundo.”

Cientistas nos Estados Unidos têm alertado que há uma probabilidade em três de que 2024 seja mais quente do que 2023, com 99% de chance de que este ano esteja entre os cinco mais quentes já registrados.

“Se não mudarmos fundamentalmente a maneira como produzimos e consumimos energia, dentro de alguns anos estaremos caminhando para uma catástrofe”, disse à Reuters o ministro de política climática global da Dinamarca, Dan Jorgensen. “Não temos muito tempo.”

Os cientistas acreditam que o aquecimento global essencialmente cessará quando o mundo atingir emissões net zero de carbono. No entanto, reduzir as emissões à metade até 2030 é visto como especialmente importante.

“Isso significa que, no final das contas, podemos controlar o quanto o mundo aquece, com base em nossas escolhas como sociedade e como planeta”, disse Zeke Hausfather, cientista climático da Berkeley Earth, de acordo com a BBC.

Artigo original (em inglês) publicado por Cristen Hemingway Jaynes na EcoWatch.

Sobre a autora
Cristen Hemingway Jaynes é uma escritora de ficção e não ficção. Ela possui diploma Juris Doctor e Certificado de Direito Oceânico e Costeiro pela Universidade do Oregon, além de mestrado em Escrita Criativa pela Universidade de Londres. Cristen é a autora da coleção de contos The Smallest of Entryways e da biografia de viagem Ernest’s Way: An International Journey Through Hemingway’s Life.

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