Lentes espirais podem nos ajudar a ver mais claro e mais longe

Imagem de uma lente de contato com design em espiral para ilustrar post cujo título diz que as lentes espirais podem nos ajudar a ver mais claro e mais longe.
Uma amostra de lente de contato espiral, mantida entre os dedos de um pesquisador. Créditos: Laurent Galinier/New Atlas/Reprodução.

Cientistas desenvolveram um novo tipo de lente que cria vários pontos focais, o que pode fazer com que óculos ou lentes de contato forneçam uma visão mais clara em uma variedade de distâncias. O segredo? Fazer as lentes em forma de espiral.

As lentes de nossos olhos naturalmente focam a luz em nossas retinas, mas condições genéticas, ambientais ou relacionadas à idade podem mexer com o ponto focal. Se ele estiver muito à frente ou muito para trás, o mundo será um borrão. Felizmente, as lentes corretivas são projetadas para neutralizar isso com uma curvatura, espessura e forma específicas, dependendo das necessidades individuais de cada pessoa.

Muitas vezes há apenas um ponto focal em uma lente, mas pontos multifocais também são comuns agora – seus óculos, por exemplo, podem possibilitar uma visão à distância na parte superior e leitura na parte inferior. Entretanto, estes podem ter distorções ou outros problemas.

Em um novo estudo, cientistas do Laboratório de Fotônica, Numérica e Nanociências (LP2N), na França, desenvolveram um novo tipo de lente, que eles chamam de “dioptria espiral”. Como o nome sugere, esta lente tem uma forma espiral que cria três pontos focais diferentes no campo de visão.

“Ao contrário das lentes multifocais existentes, nossa lente funciona bem sob uma ampla gama de condições de luz e mantém a multifocalidade independentemente do tamanho da pupila”, disse Bertrand Simon, um dos autores do estudo. “Para usuários de implantes ou pessoas com hipermetropia relacionada à idade, isso pode fornecer uma visão consistentemente clara, com potencial para revolucionar a oftalmologia.”

Uma ilustração artística da lente espiral. Créditos: Laurent Galinier/New Atlas/Reprodução.

O design em espiral cria o que é conhecido como vórtice óptico, que basicamente envia a luz girando como uma água jorrando por um ralo. A nova lente foi moldada em uma espiral usando técnicas avançadas de usinagem digital, e a equipe pôde ajustar a qualidade da lente alterando quantas voltas a espiral dava.

A lente foi testada à moda antiga – da forma como as letras digitais claras se mostravam em um quadro de luz. Os voluntários relataram que as imagens pareciam mais nítidas em uma variedade de distâncias e condições diferentes de iluminação.

Todavia, não é uma solução perfeita, pois as imagens não são cristalinas em todas as distâncias. Onde as lentes tradicionais parecem muito nítidas em distâncias específicas, mas realmente borradas em outras, a nova faz a média para que os usuários tenham uma visão decente o suficiente em toda a faixa, mas nunca atingem o pico das lentes regulares. Parece uma permuta a ser feita, mas de certa forma é um princípio semelhante à cirurgia de Presbyond, que usa lasers para corrigir seus dois olhos para diferentes pontos focais para uma melhor média de clareza.

A equipe planeja investigar quão bem as novas lentes podem funcionar para corrigir a visão em cenários do mundo real, e diz que também pode melhorar outras tecnologias.

“Esta nova lente pode melhorar significativamente a profundidade da visão das pessoas sob condições mutáveis de iluminação”, disse Simon. “Desenvolvimentos futuros com essa tecnologia também podem promover avanços em tecnologias de imagem compactas, dispositivos usáveis e sistemas de sensoriamento remoto para drones ou carros autônomos – o que poderia torná-los mais confiáveis e eficientes.”

A pesquisa foi publicada no periódico Optica.

Fonte: Optica

Artigo original (em inglês) publicado por Michael Irving na New Atlas.


Sobre o autor
Michael Irving sempre foi fascinado pelo espaço, tecnologia, dinossauros e os mistérios mais estranhos da física e do universo. Possuidor de um Bacharelado em Escrita Profissional e vários anos de experiência escrevendo artigos, em 2016 ele entrou para o time da New Atlas.

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