Para a saúde, tipo de carboidrato importa mais do que quantidade

Imagem de vários tipos de carboidrato para ilustrar que para a saúde, tipo de carboidrato importa mais do que quantidade.
Um estudo do Reino Unido mostrou que não é a quantidade, mas a qualidade do carboidrato consumido que afeta a saúde cardiovascular. Foto: Depositphotos/New Atlas/Reprodução.

As doenças cardiovasculares (DCVs) são a principal causa de morte em todo o mundo. Enquanto estudos anteriores consideraram a ligação entre o consumo geral de carboidratos e as doenças cardiovasculares, um novo estudo do Reino Unido analisou o impacto do consumo de carboidratos e descobriu que para a saúde, tipo de carboidrato importa mais do que quantidade ingerida.

As DCVs são doenças que afetam o coração e os vasos sanguíneos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), elas são responsáveis por ceifar quase 18 milhões de vidas anualmente.

Estreitamento ou bloqueio das artérias que fornecem sangue ao coração (doença arterial coronariana), derrames ou aneurismas que afetam o fluxo sanguíneo para o cérebro (doença vascular cerebral) e doenças dos vasos sanguíneos nos braços e pernas (doença vascular periférica) estão incluídas sob a égide das DCVs.

Fatores de risco comportamental das doenças cardiovasculares são bem conhecidos e incluem uma dieta pouco saudável e obesidade, além de sedentarismo, tabagismo e uso excessivo de álcool. Ensaios clínicos aleatórios anteriores e estudos observacionais sugerem que, no que diz respeito à dieta, a quantidade de carboidratos consumidos não afeta a saúde cardiovascular.

Os carboidratos são classificados de acordo com sua composição química e incluem os açúcares – os quais são classificados como artificiais (ou seja, adicionados por um fabricante, cozinheiro ou consumidor, bem como açúcares presentes no mel, xaropes, néctares ou sucos de frutas sem açúcar) ou naturais (principalmente encontrados em frutas, vegetais e laticínios).

Agências de saúde pública em todo o mundo recomendam limitar a ingestão de açúcares artificiais para reduzir o risco de ganho de peso e cárie dentária. Por exemplo, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) recomenda que os adultos não consumam mais do que 30g de açúcares artificiais por dia. Para termos uma ideia, 30g equivalem a cerca de sete cubos de açúcar.

Um estudo amplo e recente no Reino Unido examinou a ligação entre as DCVs e a qualidade dos carboidratos consumidos, e não a quantidade.

Os participantes monitoraram a ingestão de 206 itens alimentares e 32 bebidas usando uma ferramenta online de avaliação dietética durante 24 horas por dia. Os carboidratos foram divididos de acordo com o tipo e a fonte.

Os tipos de carboidratos incluíam açúcares artificiais, naturais e fibras. As fontes de carboidratos foram amido de grãos refinados (incluindo pão branco, macarrão branco e arroz, cereais, pizza, biscoitos, bolos, doces e sobremesas) e amido integral (incluindo pão, macarrão, arroz, farelo e muesli).

Amostras de sangue foram coletadas dos participantes para fosse possível medir os níveis de gordura presente no sangue (colesterol e triglicerídeos), e os participantes foram monitorados ao longo dos anos para verificar se desenvolveram doenças cardiovasculares.

Os resultados mostraram que a ingestão de açúcares artificiais foi associada de forma significativa às DCVs em geral e, mais especificamente, à doença arterial coronariana e ao derrame (acidente vascular cerebral). A ingestão de açúcares artificiais também resultou em níveis elevados de gordura no sangue (triglicerídeos). Por outro lado, uma maior ingestão de fibras reduziu o risco de doenças cardiovasculares.

Consistente com estudos anteriores, o estudo atual não mostrou associação entre a quantidade de carboidratos consumidos e o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Pelo contrário, os dados sugerem que o risco de ter uma DCV depende do tipo de carboidrato consumido, particularmente o consumo de açúcares artificiais.

O estudo foi publicado no periódico científico BMC Medicine.

Fonte: BMC Medicine via Scimex.

Artigo original (em inglês) publicado por Paul McClure, na New Atlas.

Sobre o autor
Paul McClure se formou em jornalismo em 2022 e ingressou na New Atlas em 2023. Anteriormente, ele escreveu para várias publicações on-line, em áreas como saúde e bem-estar, entretenimento e cultura popular. Antes de perceber sua paixão pela escrita, Paul trabalhou por muitos anos como enfermeiro de terapia intensiva e advogado de defesa criminal.

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