Sete dicas para proteger sua saúde ao cozinhar com gás

Foto parcial de um fogão a gás com duas bocas acesas para ilustrar post sobre sete dicas para proteger sua saúde ao cozinhar com gás.
O fogão a gás pode expor você a um nível de poluição que é prejudicial para sua saúde. Foto: PublicDomainPicutures/Pixabay.

Cozinhar pode poluir o ar de sua casa de tal forma que respirar dentro da cozinha pode representar o mesmo que respirar ao longo de uma estrada movimentada. O suprimento insuficiente de oxigênio é capaz de impedir a queima adequada de gás ou de combustíveis sólidos e produzir poluentes nocivos à saúde, como as partículas finas e os óxidos de nitrogênio e, assim, irritar os pulmões, aumentar o risco de asma, câncer de pulmão e doenças cardíacas. Siga lendo e conheça sete dicas para proteger sua saúde ao cozinhar com gás.

A extensão da poluição depende do tipo de combustível usado no cozimento. Em países desenvolvidos, os combustíveis mais comuns são o gás e a eletricidade. Já nos países em desenvolvimento, geralmente as pessoas dependem de opções mais poluentes, como carvão, carvão vegetal, madeira e esterco de vaca. Crianças, idosos, mulheres grávidas e pessoas com problemas existentes de saúde são os mais vulneráveis à poluição que resulta da queima de tais combustíveis.

Cerca de um em cada oito casos de asma infantil nos Estados Unidos foi associado a fogões a gás. A Lei de Redução da Inflação, do presidente Joe Biden, oferecerá às famílias até US$ 1.340 para substituir o fogão a gás por um elétrico de indução.

Um estudo nosso mediu a concentração de partículas finas em 60 tipos diferentes de cozinha em 12 cidades da Ásia, Oriente Médio, África e América do Sul. Aproximadamente, 33% das residências utilizavam gás natural para cozinhar, seguido do gás liquefeito de petróleo (GLP, 27%), fogão elétrico (17%), carvão vegetal (14%), querosene (8%) e etanol (1%). Curiosamente, a exposição na cozinha a essa poluição foi apenas 30% menor com o uso do gás natural quando em comparação com o uso do carvão vegetal – um dos combustíveis mais poluentes.

Cozinhar com carvão é particularmente perigoso em ambientes fechados. Foto: Pew Nguyen/Pexels.

As políticas públicas para substituição de fogões a gás são lentas e difíceis de implantar. Se você tiver um em casa, aqui vão sete dicas que você pode seguir para reduzir a exposição e proteger sua saúde quando o fogão for usado.

1. Use menos fritura para cozinhar

A fritura emite mais poluição particulada do que outros métodos e pode ser responsável por mais da metade das emissões totais durante o cozimento. Sempre que possível, opte por ferver ou cozinhar a vapor.

2. Reduza o tempo de cozimento do alimento

Escolha receitas e refeições que levem menos tempo para cozinhar de forma a reduzir a poluição geral dentro da cozinha. As refeições vegetarianas são geralmente saudáveis e simples de preparar.

3. Melhore a qualidade do ar dentro da cozinha

A exposição a níveis de dióxido de carbono (CO₂) superiores a 1.000 partes por milhão (ppm) pode causar dores de cabeça e sonolência, enquanto que concentrações de partículas finas no ar (acima de 15 μgm³) podem prejudicar sua saúde. Diminua o nível desses poluentes em sua cozinha tomando medidas para que o espaço interno fique arejado.

4. Aumente a ventilação no local de preparo da comida

Ligar a coifa durante o cozimento de um alimento pode reduzir nossa exposição média a partículas finas transportadas pelo ar e diminuir a umidade na cozinha em até 40%. Abrir as janelas e portas da cozinha durante o cozimento pode reduzir os níveis de CO₂ 54% a mais do que se somente as portas forem abertas. A ventilação mecânica de um exaustor juntamente com a ventilação natural de portas e janelas abertas pode reduzir sua exposição na cozinha em um fator de dois em comparação com a ventilação natural sozinha.

5. Use combustíveis energeticamente mais eficientes

Usar gás natural em vez de carvão para cozinhar reduz a exposição média a partículas finas durante o tempo de cozimento em 1,3 vezes – e 3,1 para GLP. As cozinhas que usaram GLP e fogões elétricos reduziram os níveis internos de CO₂ em mais de um terço em comparação com aquelas que usaram querosene.

6. Fique fora da cozinha quando possível

Reunir-se na cozinha enquanto alguém está cozinhando expõe desnecessariamente mais pessoas a emissões de poluentes. Além disso, pode também aumentar os níveis de CO₂ quando há dois ou mais ocupantes em comparação com apenas um.

7. Reduza o empilhamento de combustível

Combinar vários tipos de combustível na cozinha, como forno elétrico e fogão a gás, é chamado de empilhamento de combustível e pode impedir que as pessoas adotem práticas de cozimento que poluam menos. As pessoas podem ser encorajadas a mudar para combustíveis e fogões de cozinha menos poluentes se os combustíveis relevantes, os fogões e os dispositivos compatíveis forem encontrados facilmente e a preços acessíveis.

Fogões de indução são energeticamente mais eficientes. Foto: Cottonbro Studio/Pexels.

Fazer a mudança do cozimento a gás para o elétrico é uma escolha óbvia para reduzir a exposição na cozinha a poluentes atmosféricos e também para limitar as emissões de gases de efeito estufa. Infraestrutura, campanhas de informação e políticas públicas são necessárias para acelerar essa mudança.

Todos os anos, as doenças associadas à poluição do ar doméstico são responsáveis pela morte prematura de 3,2 milhões de pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento onde não há acesso ao gás de cozinha. O fornecimento seguro de eletricidade nestes países, sobretudo em áreas rurais, também é difícil ou inexistente. Neste caso, opções alternativas, como fogões movidos a energia solar, podem ser mais acessíveis. Tornar essas opções mais amplamente disponíveis pode ajudar muitas pessoas a se livrarem de equipamentos poluentes na cozinha.

Artigo original (em inglês) publicado por Prashant Kumar na The Conversation.


Sobre o autor
Prashant Kumar é professor-titular da cátedra Qualidade do Ar e Saúde e codiretor do Instituto de Sustentabilidade da Universidade de Surrey, no Reino Unido. Ele é o fundador e diretor do Centro Global de Pesquisa do Ar Limpo (GCARE), também na Universidade de Surrey.

Nota: Prashant Kumar recebe financiamento da EPSRC, NERC, ESRC e da Horizon Europe – organização industrial e de caridade. Ele é afiliado à ONG Zero Carbon Guildford.

A Universidade de Surrey fornece financiamento como membro do The Conversation UK.

Similar Posts