Perda auditiva da idade e estilo de vida está perto de ser evitada

Imagem de uma mulher de cabelos escuros e com uma mão em forma de concha em volta de uma das orelhas ilustra post cujo título diz que a perda auditiva da idade e estilo de vida está perto de ser evitada.
Pesquisadores acreditam que podemos ter proteção contra a perda auditiva em nível molecular. Imagem: Robin Higgins/Pixabay.

Os cientistas descobriram que uma mutação genética, responsável por desencadear um efeito dominó molecular capaz de nos fazer perder a audição, espelha o mecanismo envolvido na perda auditiva que está relacionada com a idade e o barulho. Eles acreditam que inibir o elemento-chave deste mecanismo poderia, em vez disso, proteger todos os ouvidos contra danos e até mesmo prevenir a surdez.

Encontrando pontos em comum específicos e importantes em estudos com animais e humanos, os pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) descobriram que as mutações do gene Tmtc4 alteram um mecanismo conhecido como resposta proteica desdobrada (UPR), que mata as células ciliadas no ouvido interno.

Assim como todos os mamíferos, os seres humanos têm dois tipos de células ciliadas cocleares – interna e externa – e desempenham papéis distintos, mas cruciais, na comunicação sensorial. As células ciliadas do ouvido interno, que são cerca de 3.500 quando nascemos, transformam as vibrações sonoras do fluido coclear em sinais elétricos a serem transmitidos para o cérebro e, uma vez danificadas, não conseguem se regenerar.

Os cientistas descobriram que o direcionamento da ativação do UPR nas células ciliadas – que ocorre tanto na mutação genética quanto por meio de danos auditivos relacionados ao estilo de vida e à idade, bem como medicamentos como a cisplatina de tratamento quimioterápico – pode proteger esses preciosos sensores da morte.

“Milhões de adultos americanos perdem a audição por conta da exposição ao barulho ou do envelhecimento ano após ano, mas tem sido um mistério o que estava dando errado”, disse o coautor sênior Dr. Dylan Chan, do Departamento de Otorrinolaringologia da UCSF. “Agora temos evidências sólidas de que o Tmtc4 é um gene da surdez humana e que o UPR é um alvo genuíno para prevenir a surdez.”

Quando exposto a estímulos como música alta ou multidões em estádios, o barulho pode dobrar as células ciliadas o suficiente para quebrá-las. Os pesquisadores acreditam que isso ativa o UPR, essencialmente fazendo com que as células se autodestruam, provocando danos permanentes.

Neste estudo, Chan fez parceria com Elliott Sherr, que já havia analisado a mutação Tmtc4 em pacientes jovens e em modelos de camundongos. Eles descobriram que a variante genética tanto em humanos como em camundongos preparou as células ciliadas para a autodestruição, resultando em perda auditiva de rápida progressão, como a que você normalmente veria em danos relacionados à idade ou à exposição ao ruído. Em todos os casos, as células ciliadas foram inundadas com excesso de cálcio, resultando em um mau funcionamento dos sinais, incluindo UPR.

No entanto, uma droga desenvolvida na UCSF para reverter a falha de memória em lesões cerebrais traumáticas também demonstrou inibir parte do UPR, protegendo as células ciliadas internas contra danos, mesmo quando os camundongos foram expostos a ruídos altos potencialmente prejudiciais.

A equipe espera desenvolver uma droga não invasiva que atenue a ativação da RPU, protegendo as células ciliadas contra danos e, por sua vez, contra a perda auditiva.

Um estudo anterior da Universidade de Iowa também destacou como o direcionamento da regulação dos mecanismos químicos e elétricos no ouvido interno tem o potencial de proteger contra a perda auditiva em nível molecular.

“Se houver alguma maneira de impedir a morte das células ciliadas, é assim que seremos capazes de prevenir a perda auditiva”, disse Chan.

Os cientistas descobriram que uma mutação genética que desencadeia um efeito dominó molecular que nos faz perder a audição espelha o mecanismo envolvido na perda auditiva que está relacionada

A pesquisa foi publicada no periódico Journal of Clinical Investigation Insight.

Fonte: Universidade da Califórnia, San Francisco.

Artigo original (em inglês) publicado por Bronwyn Thompson na New Atlas.


Sobre a autora
Bronwyn Thompson tem diplomas de jornalismo e zoologia e possui mais de 20 anos como escritora e editora. Ela tem interesse particular em neurociência, genética, comportamento animal e biologia evolutiva. Em fevereiro de 2023, Bronwyn encontrou um lar feliz na New Atlas.

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