Google lança aceleradora de startups para economia circular

Imagem de dois rapazes olhando para uma tela de TV para servir de ilustração ao artigo que diz que a Google lança aceleradora de startups para economia circular. Foto: cortesia do Google.
Cena de um programa acelerador acontecido no passado. Foto: cortesia do Google.

Faça uma busca no Google pelo termo “economia circular” e os principais resultados da pesquisa mostrarão um monte de definições. Isso acontece porque a economia circular ainda é incipiente. Na opinião do think tank Circle Economy, a razão de o mundo ser menos de 9% circular deve-se ao fato de que apenas 8,6% dos materiais extraídos da terra são reutilizados. Todavia, um número crescente de pessoas e empresas está estabelecendo sistemas para se afastar de uma economia linear.

A Google é uma dessas empresas. Recentemente ela anunciou um programa acelerador de economia circular com duração de três meses, voltado para startups e ONGs (dos EUA e Ásia-Pacífico) que estão usando a tecnologia para resolver desafios de circularidade, tais como reutilização, reabastecimento, reciclagem, compostagem, moda, alimentos, materiais seguros e circulares e o ambiente construído. [No Brasil, a Google também tem um programa de incentivo para startups locais, via Google Cloud. Mais info aqui e aqui.]

As inscrições para a aceleradora estão abertas e vão até novembro próximo. A gigante da tecnologia escolherá de 10 a 15 startups e ONGs para participar do programa. As escolhidas receberão suporte gratuito do Google durante o período do programa, além de orientação e acesso a US$ 200.000 em créditos do Google Cloud. No final do programa, haverá um dia de demonstração em que cada participante fará uma apresentação para a rede de VC (Venture Capitalist) do Google.

Previsto para começar em fevereiro, o programa acelerador está alinhado com a meta do Google para 2030 de “maximizar [sua] reutilização de recursos finitos em suas operações, produtos e cadeias de suprimentos – enquanto capacita outros a fazerem o mesmo”. Em 2019 a empresa revelou esse plano durante a Circularity, conferência de economia circular do Grupo GreenBiz [a Sustenare publicou um post abordando como três grandes empresas, presentes na Circularity 2022, relataram suas falhas na sustentabilidade].

Naquela época, [a Google] estabeleceu uma série de submetas e abordagens para alcançar seu compromisso de 2030, modelado de acordo com a estrutura de ação da Fundação Ellen MacArthur: lidar com resíduos e poluição; manter produtos e materiais em uso; e promover materiais saudáveis e seguros.

“Fundamentalmente, estamos focados em dissociar o crescimento econômico do consumo e do descarte de recursos finitos”, disse Mike Werner, líder de economia circular da Google, discutindo a motivação para o programa acelerador. “Um interesse adicional para nós em lidar com a economia circular é que ela oferece um caminho realmente crítico para mitigar as mudanças climáticas [e fazer a transição] para uma economia de baixo carbono, porque os recursos reciclados e reutilizados têm pegadas de carbono mais baixas”.

Estee Cheng, líder da aceleradora, é diretora-gerente da gTech Sustentabilidade da Google. A equipe mais ampla da gTech oferece suporte aos produtos de publicidade da empresa e mais de 50 outros produtos em áreas como Maps, Pixel, Fotos, Google Play Store. Cheng e sua equipe têm trabalhado para integrar informações que possibilitem a economia circular em suas ofertas.

Por exemplo, o lançamento de ferramentas no Google Maps e no buscador para facilitar a localização de informações precisas sobre reciclagem em todo o mundo. E nos últimos dois anos, a empresa de tecnologia fez parceria com as Nações Unidas para ajudar a construir um modelo de aprendizado de máquina para entender o lixo presente nas ruas da Indonésia e da Tailândia.

Fundamentalmente, estamos focados em dissociar o crescimento econômico do consumo e descarte de recursos finitos.

Como a equipe de sustentabilidade da gTech trabalhou em projetos de economia circular, Cheng disse que percebeu haver inovações e startups emergentes tentando resolver problemas espaciais.

Então, a equipe começou a perguntar: “Como podemos reunir todos eles e dar a eles o que o Google faz de melhor: expertise em nuvens, aprendizado de máquina e conhecimento geoespacial? Como podemos capacitá-los e ajudá-los a acelerar suas soluções para chegar ao mercado o mais rápido possível?”

O novo programa acelerador de economia circular baseia-se no sucesso dos aceleradores de mudanças climáticas que a empresa teve anteriormente e nos desafios de impacto. A Google também executou aceleradores não focados no clima. Ao todo, houve 19 deles, e os mais de 1.000 participantes arrecadaram mais de US$ 22 bilhões desde que participaram do programa de aceleração, de acordo com Cheng.

Tanto Werner quanto Cheng serviram como conselheiros em programas anteriores. Cheng disse que um aprendizado importante oriundo dos programas é que, quando o tema é muito amplo, pode ser difícil para os participantes se relacionarem. “Alguém que está resolvendo problemas de economia circular é muito diferente de alguém que está oferecendo soluções para veículos elétricos e energia renovável”, disse ela. “Reunir todas as pessoas com mentalidade circular é uma das principais razões pelas quais estamos fazendo uma aceleradora de subtema específico dentro da sustentabilidade”.

Participantes do programa acelerador se encontram. Foto: Cortesia Google.

Para o componente de mentoria da aceleradora, os participantes poderão se conectar com pessoas que têm experiência em várias partes da economia circular.

Aqui está uma pequena amostra das pessoas que servirão como mentores: Erin Simon, chefe de resíduos plásticos e negócios do World Wildlife Fund; Lewis Perkins, presidente do Apparel Impact Institute; Sarah Dearman, diretora de inovação da The Recycling Partnership; e John Warner, fundador do Instituto Warner Babcock de Química Verde. Suz Okie, diretora de estratégia de design da GreenBiz – e analista sênior para economia circular – também faz parte da lista de mentores.

A lista de mentores é longa – mais de 35 – e a Google espera que ela cresça à medida que conhece as necessidades de cada startup e ONG.

“Nosso objetivo principal é ajudar a capacitá-los e fazê-los sentir que receberam muito da Google para [que possam] dar vida às suas soluções”, disse Cheng. “Ter o apoio da Google, da marca, além de fazer parte deste programa acelerador dá a eles muito mais exposição quando se trata de angariar fundos e conectar-se a parceiros.”

Assim que a aceleradora terminar em maio [do próximo ano], a Google espera poder dizer que o programa contribuiu [não somente] para viabilizar um ecossistema de economia circular, [mas também para] o sucesso dos participantes.

Artigo original (em inglês) publicado por Deonna Anderson na GreenBiz.


Sobre a autora
Deonna Anderson é uma jornalista premiada e editora sênior da GreenBiz com experiência prévia produzindo reportagens para a YES! Magazine. Deonna é ex-aluna da Universidade da Califórnia, em Davis, e da Escola de Pós-graduação em Jornalismo Craig Newmark, na City University of New York (CUNY). Twitter/X: @iamDEONNA

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