Descoberto um gene que pode retardar nosso envelhecimento

Imagem do rosto de uma mulher, divido verticalmente em duas partes, sendo que a esquerda mostra o rosto rejuvenecido, enquanto que a direita mostra o rosto envelhecido intencionalmente para ilustrar que foi descoberto um gene que pode retardar nosso envelhecimento.
Um estudo encontrou provas do caminho que controla nosso envelhecimento e nos conduz a uma vida mais longa. Foto: Pixabay. Envelhecimento: Sustenare.

Pesquisadores encontraram provas experimentais do caminho que controla o envelhecimento, e descobriram que silenciar algumas sequências móveis do DNA de lombrigas resultava em uma vida mais longa. A descoberta não apenas fornece uma maior compreensão de como envelhecemos, mas também abre outras portas para potenciais aplicações na biologia e na medicina.

Elementos transponíveis (TEs), também conhecidos como transposons ou “genes saltadores”, são sequências de DNA que se movem, ou saltam, de um local para outro no genoma. Esses movimentos podem, às vezes, criar mutações no novo local, causando instabilidade genômica que influencia e até promove o processo de envelhecimento e doenças relacionadas com a idade.

Em 2015 e 2017, pesquisadores da Universidade Eötvös Loránd (ELTE), na Hungria, publicaram estudos teóricos sobre como um processo específico, chamado de via Piwi-piRNA, contribuiu para o envelhecimento ao ajudar a controlar os TEs. Agora, em seu estudo mais recente, os pesquisadores fornecem provas experimentais de como o caminho funciona.

A sigla Piwi-piRNA, cujo nome completo em inglês é P element-induced wimpy testis in Drosophila-Piwi-interacting RNA pathway, [significa, numa tradução livre, testículo fraco induzido pelo elemento P na via de RNA interagindo com Drosophila-Piwi].  A via Piwi-piRNA é um mecanismo específico de silenciamento de RNA que protege os genomas da atividade mutagênica adversa de TEs.

Embora a via atue em células não envelhecidas, ela não atua em células somáticas envelhecidas, que, por conta do acúmulo de danos celulares, sofrem um declínio funcional chamado senescência e acabam morrendo. Células somáticas são quaisquer células de um organismo vivo que não sejam células reprodutivas.

No presente estudo, os pesquisadores realizaram experimentos no Caenorhabditis elegans, frequentemente usado como um sistema modelo para estudos sobre o envelhecimento, doenças relacionadas à idade e mecanismos da longevidade porque o C. elegans possui homólogos (genes semelhantes em sequência) em mais ou menos dois terços de todos os genes das doenças humanas.

Eles diminuíram a regulação das famílias TE ativas e descobriram que a diminuição da regulação de duas famílias específicas, Tc1 e Tc3 (as TEs mais móveis na lombriga), retardou o processo de envelhecimento em temperaturas diferentes. A 20°C, a vida útil foi estendida em cerca de 10%.

A regulação negativa simultânea de ambos fez com que os efeitos de prolongamento da vida aumentassem o equivalente à quase que a soma da expansão da expectativa de vida observada nos tratamentos individuais. A regulação negativa de outras famílias de TE (Tc2, Tc4 e Tc5) não produziu impacto perceptível na expectativa de vida.

“Em nossos ensaios de expectativa de vida, simplesmente regulando negativamente os TEs ou super expressando de forma somática os elementos da via Piwi-piRNA, observamos uma vantagem estatisticamente significativa na expectativa de vida”, disse Ádám Sturm, principal autor do estudo. “Isso abre as portas para uma infinidade de potenciais usos no mundo da medicina e da biologia.”

Além disso, os pesquisadores encontraram alterações epigenéticas no DNA desses vermes na medida em que envelheciam, especificamente nos TEs. As alterações epigenéticas, ao contrário das alterações genéticas, são reversíveis e não alteram a sequência de DNA, mas podem mudar a forma como o corpo lê essa sequência.

A metilação do DNA é uma das modificações epigenéticas mais importantes e desempenha um papel fundamental em vários processos genéticos. Aqui, os pesquisadores observaram que a metilação do DNA N6-adenina aumentou progressivamente os saltos de TE na medida em que o verme envelhecia. Eles determinaram que pode ser possível usar essa modificação epigenética como um determinante preciso da idade biológica.

“Essa modificação epigenética pode abrir caminho para um método para determinar a idade a partir do DNA, fornecendo um relógio biológico preciso”, disse Tibor Vellai, autor-correspondente do estudo.

Compreender melhor os caminhos que controlam o envelhecimento pode resultar no desenvolvimento de opções que prolonguem a vida e melhorem nossa saúde enquanto envelhecemos, dizem os pesquisadores.

O estudo foi publicado no periódico científico Nature Communications.

Fonte: Eötvös Loránd University

Artigo original (em inglês) publicado por Paul McClure na New Atlas.

Sobre o autor
Paul McClure se formou em jornalismo em 2022 e ingressou na New Atlas em 2023. Anteriormente, ele escreveu para várias publicações on-line, em áreas como saúde e bem-estar, entretenimento e cultura popular. Antes de perceber sua paixão pela escrita, Paul trabalhou por muitos anos como enfermeiro de terapia intensiva e advogado de defesa criminal.

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