Crescimento de veículos elétricos triplicou no Brasil em dois anos

Dois veículos elétricos de cor branca estão sendo carregados em um ponto de carregamento numa rua a céu aberto
Foto: Joe Nomias/Pixabay

O crescimento de veículos elétricos triplicou no Brasil em dois anos, bateu recordes absolutos e superou todas as previsões da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Os resultados de 2021 representam um salto enorme em comparação com os tímidos números apresentados pela indústria dez anos atrás.

Se em 2012 foram 117 carros elétricos vendidos e emplacados no Brasil, no ano passado os números saltaram para quase 35 mil unidades, de acordo com a ABVE, representando uma trajetória de crescimento exponencial, conforme mostra o gráfico abaixo.

Gráfico de barras mostrando que a produção de veículos elétricos no Brasil foi de 117 (2012), 491 (2013), 855 (2014), 846 (2015), 1091 (2016), 3296 (2017), 3.970 (2018), 11.858 (2019), 19.745 (2020) e 34.990 (2021).
Número de veículos elétricos vendidos e emplacados no Brasil de 2012 a 2021,
com base em dados compilados pela ABVE

A ABVE diz que os veículos elétricos híbridos (ou HEV, do inglês Hybrid Electric Vehicle), que no Brasil usam etanol e são fabricados pela Toyota, continuam sendo responsáveis por mais da metade da fatia de mercado entre todos os eletrificados vendidos no país, cujas vendas em 2021 alcançaram a marca de 20.678 unidades.

O modelo Corolla Cross, lançado há quase um ano pela Toyota, é o líder isolado de vendas entre os três padrões de eletrificação: HEV, BEV e PHEV (do inglês Plug-in Hybrid Electric Vehicle, padrão que no Brasil está presente em veículos BMW, Jaguar, Porsche e Volvo).

Foto de um veículo elétrico da Toyota, modelo Corolla Cross, cor vermelha
Toyota Corolla Cross é líder de vendas no segmento de veículos elétricos híbridos. Foto: Toyota/Divulgação.

Já os veículos totalmente elétricos, os chamados BEV (do inglês Battery Electric Vehicle), ocuparam o terceiro lugar nas vendas em 2021. Com 2.851 unidades vendidas, os BEVs tiveram um crescimento de 256% com relação a 2020, de acordo com a ABVE, a qual publicou a lista dos veículos elétricos leves mais vendidos no Brasil em 2021, reproduzida na tabela a seguir.

Tabela mostrando os veículos elétricos mais vendidos do Brasil em 2021, sendo que o primeiro lugar é do Toyota Corolla Cross, com 11.027 unidades vendidas; o segundo lugar também da Toyota, modelo Corolla Altis, com 7.921 unidades; terceiro é o Volvo XC60, 3.366 unidades; quarto e quinto também Volvo linha XC 40 e 90, com 3.067 e 982 unidades, respectivamente.
Tabela adaptada de dados publicados pela ABVE

O aumento da produção de veículos elétricos no Brasil também vem acompanhado de preocupações

Diante dos constantes aumentos da produção global de carros elétricos, cresce também a demanda por matérias-primas, como o lítio e o níquel sulfetado, por exemplo, que são usados na produção de baterias, cujos custos representam cerca de 40% do preço final do veículo.

A possibilidade da procura por estas commodities ser maior do que a oferta pode elevar os custos produtivos, tornando os carros elétricos mais caros em vez de mais baratos para o consumidor final, como tem sido a expectativa de mercado.

De acordo com o último relatório de avaliação de preços do lítio, publicado em 31/12/2021 pela Benchmark Mineral Intelligence, agência britânica que atua na área de preços e inteligência de mercado para as cadeias de suprimento de baterias e veículos elétricos, o preço do carbonato de lítio mais do que duplicou em um ano e, pela primeira vez, ultrapassou a barreira dos USD $40/kg no mercado chinês.

Ou seja, o aumento no preço da matéria-prima para a produção de baterias tem sido uma preocupação recorrente entre as montadoras que já produzem ou intencionam produzir veículos elétricos, visto que a demanda pode se tornar maior do que a oferta. Neste sentido, estimativas da Ultima Media são de que até o ano de 2030 “a oferta global de baterias vai somar 2.140 GWh e a demanda 2.212 GWh”, conforme publicado pela CNN Brasil Business.

Sobre o autor | Fernando Oliveira

Foto Fernando


Fernando é o fundador e editor da Sustenare. Ele é administrador de empresas, cientista da computação e doutor em energia pela Universidade de São Paulo (USP). Fernando morou nos Estados Unidos por dez anos, país onde cursou universidade e trabalhou por igual período para empresas de tecnologia e do ramo editorial.

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