Veículos elétricos já podem ser carregados em estações móveis

Imagem de uma estação de carregamento alimentando dois EVs para ilustrar que veículos elétricos já podem ser carregados em estações móveis.
A empresa FreeWire implanta carregadores de EVs em postos de gasolina, estacionamento de garagens e lojas de varejo – onde eles geralmente permanecem por alguns meses de cada vez. Foto: Cortesia da FreeWire/GreenBiz.

A corrida para construir a infraestrutura para o carregamento de veículos elétricos [EVs] fez com que as empresas abrissem caminho para instalar estações em todos os tipos de lugares: estacionamentos; locais de descanso; lojas de varejo e outros.

Entretanto, algumas empresas de carregamento estão evitando completamente esse tipo de infraestrutura [fixa], e passaram a oferecer soluções móveis – para o carregamento de EVs – que podem ser mais fáceis e rápidas de implantar.

Exemplos [de empresas] como a FreeWire e a SparkCharge estão crescendo em um espaço onde a demanda por carregamento continua a superar a infraestrutura tradicional. No entanto, as soluções oferecidas variam muito – desde “carregamento como serviço“, que pode dar um impulso aos motoristas encalhados, até instalações semipermanentes em eventos ou canteiros de obras.

Veja como a SparkCharge e a FreeWire estão acelerando o acesso ao carregamento de veículos elétricos.

A SparkCharge atualiza as frotas

Os produtos da SparkCharge são provavelmente o que você pensa quando tem em mente o carregamento portátil de um EV.

O primeiro produto que a empresa desenvolveu em 2020, o  Roadie Portable, é essencialmente um conjunto empilhável de baterias que pode fornecer carregamento elétrico rápido para EVs. Josh Aviv, CEO da empresa com sede em Boston, disse que esse produto é ideal para pequenos proprietários de frotas ou instalações de eventos. Isso porque ele pode ser deixado no local, sem precisar de atualizações na rede elétrica, para começar imediatamente a prover uma carga. Quando as baterias acabam, elas podem ser recarregadas ao serem conectadas diretamente a uma tomada padrão de parede.

Na medida em que a demanda de grandes empresas e frotas crescia, a SparkCharge desenvolveu o Roadie V3. Trata-se de algo como um carregador de celular (de novo, basicamente uma bateria grande) que fica dentro de uma van elétrica que viaja provendo carregamento elétrico rápido para veículos de frotas.

“Com o aumento dos EVs e incentivos para o transporte limpo, estamos vendo muitas frotas adicionarem veículos elétricos. O problema é que os prazos de entrega para a infraestrutura de carregamento estão aumentando”, disse Aviv em um e-mail. “A SparkCharge intervém para oferecer uma solução às empresas que usam EVs, fornecendo carregamento elétrico rápido para o estacionamento ou para o veículo.”

Ele chama isso de “carregamento como serviço” e diz que pode funcionar para frotas centralizadas e descentralizadas, como empresas de carona. A van de carregamento itinerante também é usada para um serviço chamado “Out of Charge”, um programa em que a SparkCharge carregará o veículo de um cliente que está com pouca carga de bateria, fornecendo de 32 a 80 km de alcance para que o veículo possa chegar ao seu destino. Como referência, um EV pequeno, como o Nissan Leaf, tem um alcance de aproximadamente 241 km com uma carga completa.

Van de carregamento itinerante, usada para socorrer o EV de um cliente que está com pouca carga de bateria. Foto: SparkCharge/Divulgação.

Até agora, em 2023, a SparkCharge diz ter alimentado 1 milhão de quilômetros em veículos ao fornecer 500 megawatts de eletricidade. Sua base de clientes – incluindo os setores de varejo, imobiliário, agências públicas e produtores de eventos – abrange 382 cidades nos Estados Unidos. E em todos os seus serviços, Aviv enxerga a flexibilidade como o principal ponto forte do modelo SparkCharge — e do carregamento móvel de EVs de forma mais geral.

“Com um posto de carregamento fixo tradicional, adicionar mais veículos à sua frota significa ter que comprar mais [equipamentos], além de tempos mais longos e custos mais altos”, disse Aviv. “Permitimos que as empresas rapidamente eletrifiquem suas frotas a um custo mais baixo.”

A FreeWire fornece acesso ‘pop-up’

A FreeWire começou em 2014 fazendo a mesma coisa que a SparkCharge: oferecendo o carregamento como um serviço de assinatura mensal, transportando uma unidade de carregamento móvel de um veículo para o outro.

Desde então, a empresa com sede na Califórnia mudou significativamente. “Foi realmente difícil criar algo atraente para esse tamanho de mercado”, disse Ethan Sprague, vice-presidente sênior de vendas, marketing e políticas públicas da FreeWire. Ele disse que era muito desafiador criar uma unidade de carregamento altamente móvel que pudesse ter escala.

Em vez disso, a FreeWire desenvolveu seus produtos Boost Charger, que são do tamanho de uma cabine telefônica, mas que não são projetados para serem movidos constantemente. Em vez disso, a empresa os instala em postos de gasolina, estacionamentos ou lojas de varejo – onde geralmente ficam no mesmo lugar por pelo menos alguns meses de cada vez. Os clientes-alvo da FreeWire são redes de varejo, gestores de frotas e até concessionárias de veículos.

Portanto, embora não sejam altamente móveis, os carregadores da FreeWire compartilham a mesma vantagem que os da SparkCharge: eles têm baterias. Isso significa que eles podem se conectar à infraestrutura de rede padrão de baixa tensão – sem atualizações dispendiosas – e carregar lentamente, mas depois fornecer uma saída de carregamento elétrico rápido para EVs.

“Tudo o que você precisa, exceto a potência de entrada de baixa tensão, está integrado em uma unidade”, disse Sprague. No entanto, elas são compactas o suficiente de maneira que podem ser transportadas em um trailer e colocadas em uma instalação temporária “pop-up”, como em um parque ou um evento.

Se uma unidade de carregamento estiver completamente esgotada, ela vai levar cerca de oito horas para carregar essa fonte de alimentação de baixa tensão. Sprague disse que os carregadores Boost geralmente aguentam de 15 a 20 sessões de carga por dia, deixando os veículos com uma carga entre 20 e 80%.

Sprague disse que a empresa construiu cerca de 700 dessas unidades até o momento e pode instalá-las muito mais rápido do que os carregadores tradicionais e permanentes, os quais frequentemente exigem atualizações de rede que duram meses. E embora os carregadores FreeWire normalmente tenham um custo inicial 30% maior em comparação com os equivalentes tradicionais, a empresa diz que “eles oferecem economias substanciais de custos operacionais de longo prazo, reduzindo as despesas anuais em até 70%, resultando em um ROI mais rápido”.

Além dos carregadores físicos em si, a FreeWire também oferece uma ampla gama de serviços empresariais. Sprague disse que a empresa ajuda os clientes a analisar a demografia e as tendências de adoção de EVs para decidir onde adicionar carregadores e como comercializá-los. “Estamos fornecendo o que chamamos de serviços de soluções”, disse ele. “Deixamos de ser um prestador de serviços no lado da energia para ser um prestador de serviços no lado dos negócios.”

Para seus clientes varejistas, especialmente, Sprague disse que há muito potencial no software da FreeWire: ele fornece às operadoras muitos dados sobre seus clientes de cobrança e abre oportunidades de mercado para eles. “Estamos tentando permitir que os varejistas se conectem com o motorista e melhorem seu relacionamento com esse motorista”, disse Sprague.

Artigo original (em inglês) publicado por Mike De Socio na GreenBiz.

Sobre o autor
Mike De Socio é um jornalista freelance que escreve sobre negócios, mudanças climáticas e transporte. Suas matérias já foram publicadas em jornais americanos, como o USA Today, HuffPost e Dallas Morning News, entre outros. Ele é formado em jornalismo pela Faculdade de Comunicação da Universidade de Boston, EUA.

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