Casa é impressa em 3D com produtos 100% florestais

Imagem da fachada de uma casa, na cor branca com estruturas bege, para ilustrar artigo sobre uma casa impressa em 3D com produtos 100% florestais.
Primeiro protótipo no mundo de casa impressa em 3D com produtos 100% florestais e inteiramente recicláveis, incluindo bio-resina e fibra de madeira. Foto: ASCC/Universidade do Maine/Divulgação.

A arquitetura e a construção civil vivem um momento de inovação tecnológica que pode exigir um redesenho de como os negócios serão conduzidos em um futuro não muito distante – não tanto por parte do primeiro, mas certamente do segundo. Percebe-se que a impressão 3D no ramo imobiliário vem se expandindo nos últimos anos, inclusive há até bairros residenciais sendo criados com esta tecnologia. Tal expansão talvez represente ser este o caminho para a construção de moradias com preços mais acessíveis e que possam atender a um nicho de mercado ainda deficitário. A bola da vez é um projeto chamado BioHome3D, da Universidade do Maine (UMaine), no qual uma casa é impressa em 3D com produtos 100% florestais.

O BioHome3D é o primeiro protótipo do mundo a imprimir uma casa em 3D a partir de materiais biológicos e inteiramente recicláveis, como a bio-resina e a fibra de madeira extraída localmente. Construída com financiamento do Departamento de Energia dos EUA, a casa tem uma área de 55 m2, foi desenvolvida pelo Centro de Estruturas Avançadas e Compósitos (ASCC), da UMaine, em parceria com o Laboratório Nacional Oak Ridge, o MaineHousing e o Instituto de Tecnologia do Maine. A construção da casa foi finalizada em novembro de 2022.

Foto: ASCC/Universidade do Maine/Divulgação.

De acordo com a ASCC, o projeto BioHome3D foi “criado para lidar com a escassez de mão-de-obra e problemas de cadeia de suprimentos que estão impulsionando custos altos e restringindo a oferta de moradias a preços acessíveis”.

Os proponentes do projeto afirmam que o BioHome3D pode solucionar tais problemas, visto que “menos tempo será utilizado na construção e montagem da casa. Segundo eles, parte da solução está no uso da fabricação automatizada e da produção fora do local de instalação da mesma, assim como poder reduzir a dependência de uma cadeia de suprimentos, considerada restrita.”

“Estamos enfrentando a tempestade perfeita de uma crise imobiliária e escassez de mão de obra, mas a Universidade do Maine está mais uma vez se antecipando para mostrar que pode enfrentar esses sérios desafios com a engenhosidade da marca registrada do Maine. Com seu projeto inovador BioHome3D, o Centro Avançado de Estruturas e Compósitos da UMaine está pensando criativamente sobre como podemos enfrentar nossa escassez de moradias, fortalecer nossa indústria de produtos florestais e oferecer às pessoas um lugar seguro para viver, para que possam contribuir para nossa economia.”

Janet Mills, Governadora do Maine
Foto: ASCC/Universidade do Maine/Divulgação.

Outra vantagem do projeto BioHome3D, segundo os autores, é não haver a necessidade de usar o concreto como matéria-prima para imprimir a casa, como acontece com projetos semelhantes de moradias impressas em 3D. Portanto, a grande sacada do BioHome3D está no aproveitamento dos resíduos de madeira, abundantes no Maine. No momento, “há 1,2 milhão de toneladas de resíduos de madeira nas serrarias da região que podem servir de matéria-prima para impressão 3D”, sugere Nicole Ogrysko, da Maine Public (Rede Pública de Radiodifusão do Maine).

Em retrospecto, imagino que a revolução da impressão 3D no ramo da construção civil residencial possa ser benéfica para ajudar a resolver o problema da falta de moradias de baixo custo, conforme enfatizam os autores do projeto BioHome3D e a governadora do Maine. No entanto, resta saber se a solução para a escassez de mão-de-obra não terá a contrapartida do desemprego entre os trabalhadores da construção civil, sobretudo de pedreiros que ainda usam cimento e blocos para construir nossas moradias atuais.

Fontes: Centro de Estruturas Avançadas e Compósitos (ASCC) e Universidade do Maine.

Sobre o autor | Fernando Oliveira

Foto Fernando


Fernando é o fundador e editor da Sustenare. Ele é administrador de empresas, cientista da computação e doutor em energia pela Universidade de São Paulo (USP). Fernando morou nos Estados Unidos por dez anos, país onde cursou universidade e trabalhou por igual período para empresas de tecnologia e do ramo editorial.

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