Estudo diz que PFAS estão ligadas à infertilidade e diabetes

Imagem de tubos de ensaio para ilustrar que estudo diz que as PFAS estão ligadas à infertilidade e diabetes
Um novo estudo sugere que o alto custo para tentar remover as PFAS da água e de nosso ambiente natural pode ser menor do que o impacto econômico anual para cuidar da saúde contra estas substâncias químicas | Foto: Kindel Media | Pexels

Pesquisadores da Grossman School of Medicine, da Universidade de Nova York (NYU), descobriram fortes evidências de que a exposição a um grupo comum de produtos químicos domésticos pode estar associada a 13 diferentes condições de saúde.

Desenvolvidas pela primeira vez na década de 1940, as substâncias perfluoroalquil e polifluoroalquil (PFAS) compreendem mais de 4.700 moléculas químicas diferentes. Durante décadas, essas substâncias químicas têm sido usadas ​​na fabricação de uma variedade de produtos, desde panelas antiaderentes e embalagens de comida fast food a roupas impermeáveis ​​e fio dental.

As PFAS podem ser encontradas em produtos como embalagens de comida fast food, panelas antiaderentes, fio dental e roupas impermeáveis | Fotos: Fritas, Ha11ok/Pixabay; Panela, Walter Bichler, Pixabay; Fio dental, Carlohh/FreeImages; Crianças, Vitolda Klein, Unsplash

Como as PFAS tendem a persistir no meio ambiente por longos períodos de tempo, elas foram apelidadas de forever chemicals [ou “químicos eternos”, numa tradução livre].

A ampla difusão das PFAS nos processos de fabricação ao longo do século 20 deu origem a estudos que encontraram vestígios dessas substâncias no sangue de quase todos os americanos.

Aproveitando um vasto volume de pesquisas preexistentes, este novo estudo da NYU procurou quantificar a carga de doenças resultantes da exposição às PFAS e estimar seu custo econômico relacionado com gastos médicos e com a perda de produtividade do trabalhador. O objetivo era oferecer aos promulgadores de políticas públicas uma maneira de avaliar o custo-benefício para eliminar as PFAS do meio ambiente.

Algumas das condições relacionadas às PFAS no novo estudo foram anteriormente associadas com a exposição a produtos químicos, incluindo câncer de rim, hipotireoidismo e baixo peso ao nascer. Porém, uma análise sistemática mais ampla que foi realizada no novo estudo também apontou para outras condições adicionais de saúde relacionadas às PFAS, como infertilidade, endometriose, bronquite e diabetes tipo 2.

Calculando os custos econômicos associados a doenças e incapacidades que estão relacionadas com as PFAS, a estimativa mais conservadora foi de US$ 5,5 bilhões anuais somente nos Estados Unidos. No outro extremo do espectro, o estudo descobriu que os custos anuais podem chegar a US$ 62,6 bilhões.

O principal autor do estudo, Leonardo Trasande, disse que essas descobertas devem ajudar os legisladores a entender que o engajamento em programas de descontaminação para remover as PFAS do abastecimento de água provavelmente seria uma opção de custo mais baixo, considerando os custos mais amplos.

“Nossos resultados apoiam fortemente a recente decisão da Agência de Proteção Ambiental [americana] de reduzir essas substâncias na água a um nível seguro e permissível”, disse Trasande.

“Com base em nossas estimativas, o custo para erradicar a contaminação das PFAS – e substituir essa classe de produtos químicos por alternativas mais seguras – acaba sendo justificado quando levados em consideração os enormes riscos econômicos e médicos que elas representam se permanecerem no meio ambiente.”

Leonardo Trasande, Principal autor do estudo, NYU

Apesar dos resultados serem surpreendentes, os pesquisadores apontam no estudo quão conservadores eles foram no cálculo das estimativas. Apenas dados de estudos com fortes evidências foram incluídos nas avaliações da carga da doença.

“Não incluímos resultados relatados pelo Painel de Ciência C8 que não foram confirmados em estudos populacionais em geral, pois tais associações foram identificadas em uma população altamente exposta – e nosso foco foi estimar a carga da doença e os custos econômicos por conta da exposição de rotina”, sugere o estudo.

“Também não incluímos desfechos para os quais não se acumularam evidências suficientemente consistentes, como prematuridade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, crianças com QI reduzido por conta de exposição pré-natal, além de câncer de próstata em homens adultos”.

Em última análise, os pesquisadores sugerem que essas descobertas são apenas a ponta do iceberg em relação aos impactos causados pela exposição às PFAS. Mais estudos estão programados para investigar melhor seus efeitos de longo prazo e para expandir as estimativas dos impactos econômicos de outros produtos químicos tóxicos já conhecidos, como os bisfenóis [substância química usada na fabricação de alguns tipos de mamadeira].

O estudo foi publicado no periódico científico Exposure and Health.

Fonte: NYU Langone Health

Artigo original (em inglês) publicado por Rich Haridy na New Atlas.

Sobre o autor
Rich Haridy está sediado em Melbourne (Austrália) e na última década escreveu várias publicações online e impressas, enquanto também atuou como crítico de cinema para várias emissoras de rádio e podcasts. Ele foi presidente da Associação Australiana de Críticos de Cinema por dois anos (2013-2015), concluiu um mestrado na Universidade de Melbourne e se juntou à equipe do New Atlas há três anos.

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